sexta-feira, 20 de março de 2009

IPTU para automóveis!

1
La autopista del sur
de Júlio Cortázar
(Todos los fuegos el fuego, 1966)

Gli automobilisti accaldati sembrano nom
avere storia... Come realtà, un ingorgo automobilistico
impressiona ma nom ci dice gran che.
ARRIGO BENEDETTI, “L'Espresso”, Roma, 21/6/1964

Al principio la muchacha del Dauphine había insistido en llevar la cuenta del tiempo, aunque al ingeniero del Peugeot 404 le daba ya lo mismo. Cualquiera podía mirar su reloj pero era como si ese tiempo atado a la muñeca derecha o el bip bip de la radio midieran otra cosa, fuera el tiempo de los que no han hecho la estupidez de querer regresar a París por la autopista del sur un domingo de tarde y, apenas salidos de Fontainbleau, han tenido que ponerse al paso, detenerse, seis filas a cada lado (ya se sabe que los domingos la autopista está íntegramente reservada a los que regresan a la capital), poner en marcha el motor, avanzar tres metros; detenerse, charlar con las dos monjas del 2HP a la derecha, con la muchacha del Dauphine a la izquierda, mirar por el retrovisor al hombre pálido que conduce un Caravelle, envidiar irónicamente la felicidad avícola del matrimonio del Peugeot 203 (detrás del Dauphine de la muchacha) que juega con su niñita y hace bromas y come queso, o sufrir de a ratos los desbordes exasperados de los dos jovencitos del Simca que precede al Peugeot 404, y hasta bajarse en los altos y explorar sin alejarse mucho (porque nunca se sabe en qué momento los autos de más adelante reanudarán la marcha y habrá que correr para que los de atrás no inicien la guerra de las bocinas y los insultos), y así llegar a la altura de un Taunus delante del Dauphine de la muchacha que mira a cada momento la hora, y cambiar unas frases descorazonadas o burlonas con los dos hombres que viajan con el niño rubio cuya inmensa diversión en esas precisas circunstancias consiste en hacer correr libremente su autito de juguete sobre los asientos y el reborde posterior del Taunus, o atreverse y avanzar todavía un poco más, puesto que no parece que los autos de adelante vayan a reanudar la marcha, y contemplar con alguna lástima al matrimonio de ancianos en el ID Citroën que parece una gigantesca bañadera violeta donde sobrenadan los dos viejitos, él descansando los antebrazos en el volante con un aire de paciente fatiga, ella mordisqueando una manzana con más aplicación que ganas.

PARA LER TODO O CONTO: http://www.literatura.us/cortazar/autopista.html
Dica: imprima e leia no próximo congestionamento.


2
Manifestação
do Centro de Mídia Independente

A cidade de São Paulo registrou ontem o recorde de lentidão do ano no período da noite: 201 km por volta das 18h55, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Com a ajuda da chuva, os motoristas disseram ter alcançado os objetivo do protesto e demonstrado sua força à sociedade.
A paralisação, que envolveu diversos setores da sociedade, contou com carreatas de motoristas com destino a diferentes pontos da capital. No dia de amanhã, mais e mais motoristas prometem aderir a paralisação.
Os manifestantes buzinam, porém negam o título de baderneiros: “Estamos criando empregos e fomentando a economia. Além disso, somos apoiados por grandes empresas e temos incentivos ficais” – disse um manifestante à nossa reportagem.
A manifestação, que ocorre todos os dias, é a única atitude que os motoristas dizem poder tomar diante da crise do petróleo e da sociedade do automóvel.
Questionados sobre os problemas ambientais da manifestação, os motoristas disseram não se preocupar com a quantidade de combustível queimado, nem com a natureza ou com a saúde: “Estamos apenas devolvendo, de forma natural, gases que pertenciam à natureza sob outra forma”.
“Temos nosso direito privado!”
A esta grande carreata somam-se fileiras e fileiras de carros e outros veículos motorizados protestando pelo direito privado de se locomover. A proposta deste ato particular é tornar diariamente inviável a locomoção de todas as pessoas – motorizadas ou não.
“Nós queremos mostrar à população que a mobilidade urbana deve ser um direito de poucos” – disse um manifestante. Outro motorista, que a princípio se recusou a abaixar o vidro, exclamou: ‘Se eu não posso, ninguém pode!”
Para ampliar a “mobilização”, o movimento organizado faz diariamente intervenções midiáticas em diferentes jornais, revistas e canais de televisão, além de possuírem seus próprios dedicados meios de comunicação. Além disso, o governo e a prefeitura estão abertos às reivindicações e firmaram um acordo que garantirá aos manifestantes a estrutura para que as manifestações sejam cada vez maiores, garantindo as condições democráticas do direito a livre manifestação pela imobilidade urbana.
Uma importante liderança do movimento disse que a manifestação cotidiana é o único meio efetivo de afetar toda a população: “É somente através da imobilidade que alcançaremos novas soluções”.
A investigação de nossa reportagem teve acesso a diversos de seus panfletos, onde pode verificar que tais soluções variam entre a venda de carros maiores e mais confortáveis ou menores e mais ágeis. Um perito em mobilidade urbana escreve que “para os manifestantes mais conscientes (sic), a solução mais correta seria a compra de carros blindados ou a utilização de helicópteros”.

Da reportagem local. Quarta-feira, 18 de Março de 2009

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